terça-feira, 31 de julho de 2012

Projeto Orla capacita instrutores

Capacitar instrutores para atuar na gestão da orla brasileira e promover o uso sustentável dos recursos naturais e da ocupação dos espaços litorâneos são os objetivos do Curso de Capacitação de Instrutores do Projeto Orla, que começa nesta segunda-feira (30/07), no Rio, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente com o apoio do Instituto Estadual de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro. Essa, que é a terceira edição do curso, irá capacitar 50 instrutores das regiões Sul e Sudeste, incluindo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio e Espírito Santo.


“Além de multiplicadores, os novos instrutores irão suprir gargalo do Projeta Orla, que necessita de capacitação técnica para chegar a todos os municípios litorâneos”, explica a responsável pela Gerência Costeira do Departamento de Zoneamento Territorial da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente (SEDR/MMA), Leila Swerts.

O Brasil possui aproximadamente 400 municípios costeiros e atualmente 80 deles participam em alguma fase do projeto. “A expectativa é que novos municípios sejam alcançados para implantação do projeto, e para tanto, há necessidade de garantir um número considerável de instrutores habilitados para realizar as oficinas para a elaboração do Plano de Gestão Integrada da Orla”, acrescentou Leila.

Na prática, cada instrutor formado pelo curso estará apto a discutir, defender e tratar de assuntos ligados à questão costeira, capacidade de mediar conflitos, condições de trabalhar em equipe e conhecimentos sobre legislação ambiental e patrimonial. “É como se fossem educadores ambientais, que irão formar uma rede estadual de instrutores do Projeto Orla com o compromisso em multiplicar os fundamentos do projeto”, explica.

Uso sustentável – O Projeto Orla é uma ação conjunta entre o MMA, por meio da SEDR, e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no âmbito da Secretaria do Patrimônio da União (SPU). Suas ações buscam o ordenamento dos espaços litorâneos sob domínio da União, aproximando as políticas ambiental e patrimonial, com ampla articulação entre as três esferas de governo e a sociedade. Entre os objetivos estão o fortalecimento da capacidade de atuação e articulação de diferentes atores do setor público e privado na gestão integrada da orla, de forma a aperfeiçoar o arcabouço normativo para o ordenamento de uso e ocupação desse espaço.

Além do desenvolvimento de mecanismos de participação e controle social para sua gestão integrada e valorização de ações inovadoras de gestão voltadas ao uso sustentável dos recursos naturais e da ocupação dos espaços litorâneos. “Dessa forma, o projeto busca responder a uma série de desafios como reflexo da fragilidade dos ecossistemas da orla, do crescimento do uso e ocupação de forma desordenada e irregular, do aumento dos processos erosivos e de fontes contaminantes”, afirma Leila.

Programação - Durante o primeiro dia do curso (30/07), os alunos conheceram as metas e objetivos do Projeto Orla, o arcabouço legal e institucional da zona costeira, a caracterização dos terrenos de marinha, quais os instrumentos de gestão patrimonial e como funcionam os processos de regularização fundiária em áreas de interesse social. No segundo dia de atividades (31/07), assuntos como o papel dos instrutores para fomentar a participação cidadã do Projeto Orla, metodologias utilizadas no projeto e aspectos metodológicos para elaboração de um plano de gestão integrada do Projeto Orla.

No terceiro dia de atividades (01/08), os instrutores participarão de dinâmicas e apresentarão planos de gestão integrada, elaborados por ele, durante as oficinas. No quarto dia da programação do curso, os alunos participarão de uma saída de campo para as praias oceânicas do município de Niterói (Praia de Itaipu), onde serão realizadas a delimitação da orla municipal, classificação preliminar de trechos da orla e a caracterização das áreas quanto à legalização ambiental e patrimonial. Após as visitas a campo, serão analisados e discutidos os planos de gestão integrada, para, posteriormente, sua legitimação para composição de um novo comitê do Projeto Orla.
 
 (Fonte: Sophia Gebrim/MMA)

Exposição ‘Vida Marinha’ revela belezas dos oceanos

Especialista em fotografia subaquática, o mergulhador Ary Amarante exibirá, a partir de 01/08, parte do seu trabalho na exposição Vida Marinha, que está sendo montada no Aquário de São Paulo, localizado na capital paulista.


A mostra contará com mais de 30 fotografias do profissional, que, muito além das belezas do mundo subaquático, pretende mostrar aos visitantes a importância dos oceanos para a regulação do clima, a geração de renda da população, as pesquisas científicas e, até mesmo, para a arte, já que o mar é uma grande fonte de inspiração para músicos, escritores e pintores, entre outros.

A exposição estará aberta ao público de segunda a domingo, das 9h às 18h, até 31/08. Para conferir a mostra é preciso comprar ingresso para o Aquário. Algumas atrações têm entrada cobrada à parte.

(Fonte: Exame.com)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Baleias diminuem sensibilidade da audição para proteger ouvidos de ruídos produzidos pelo homem

Talvez possamos salvar as baleias – ou pelo menos a audição delas.


Os cientistas acreditaram por muito tempo que os ruídos subaquáticos produzidos pelo homem – oriundos de motores, sonares, testes de armas e de ferramentas industriais como canhões de ar, utilizados na exploração de petróleo e gás – provocavam surdez nas baleias e outros mamíferos marinhos. A Marinha estima que os fortes barulhos provocados apenas pelos seus dispositivos de escuta subaquáticos, principalmente os sonares, resultam em perda auditiva temporária ou permanente em mais de 250 mil criaturas marinhas todos os anos, um número que está aumentando.

Agora, os cientistas descobriram que as baleias podem diminuir a sensibilidade da audição para proteger os ouvidos de ruídos altos. Os seres humanos costumam fazer isso com os dedos indicadores; os cientistas ainda não descobriram como as baleias o fazem, mas identificaram um primeiro indício desse comportamento.

“É o equivalente a colocar um protetor nos ouvidos quando um jato está sobrevoando”, disse Paul E. Nachtigall, biólogo marinho da Universidade do Havaí que liderou a equipe que fez a descoberta. “É como um controle de volume.”

A descoberta, mesmo que preliminar, já está aumentando as expectativas de desenvolver sinais de advertência que alertem baleias, golfinhos e outros mamíferos marinhos para perigos auditivos.

Peter Madsen, professor de biologia marinha da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, disse aplaudir o time havaiano por sua “pesquisa elegante” e a promessa de formas inovadoras de “abordar alguns dos problemas do barulho”. Contudo, pediu cautela quanto a permitir que a descoberta diminua iniciativas de reduzir o barulho no oceano em todo o mundo, as quais ajudariam mais diretamente os mamíferos marinhos que estão sendo perturbados.

A ameaça de ruído surge por conta das propriedades básicas de água do mar. Normalmente, a luz pode viajar por centenas de metros pela água do oceano antes de se extinguir. Mas o som pode viajar por centenas de quilômetros.

Os oceanos do mundo foram ficando mais barulhentos com a expansão das atividades submarinas das empresas e dos governos. Os pesquisadores já associaram a crescente balbúrdia à surdez, deterioração de tecidos dos animais, encalhes em massa e desorientação de criaturas que dependem da audição para se guiar, encontrar comida e cuidar dos filhotes.

O perigo virou um joguete político. Em 2008, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos julgou uma ação movida pelo Conselho de Defesa de Recursos Nacionais contra a Marinha sobre o ruído produzido no oceano; o tribunal determinou que os navios de guerra têm direito de testar os sistemas de sonar de submarinos de caça. Contundo, os ambientalistas viram uma vitória tácita mesmo no fato de o mais alto tribunal da nação ter chegado a considerar a saúde dos mamíferos marinhos em um debate sobre a segurança nacional.

O mais recente acontecimento ligado ao assunto ocorreu em um centro de pesquisa perto de Oahu – localizado em uma ilha onde as imagens de abertura de “A Ilha dos Birutas” foram filmadas.

Lá há cientistas estudando o modo como os golfinhos e as baleias dentadas ouvem. Na natureza, os mamíferos emitem sons e escutam o retorno de ecos em um comportamento sensorial conhecido como ecolocalização. Em cativeiro, os cientistas ensinaram as criaturas a usar eletrodos de sucção que revelaram os padrões das ondas cerebrais implicadas na audição.

A descoberta foi se revelando em etapas. Primeiro, Nachtigall e sua equipe descobriram que os animais conseguem ajustar a audição como uma forma de reação aos altos sons da ecolocalização produzidos por eles mesmos, que são principalmente estalidos agudos. Os cientistas então se perguntaram se os animais também poderiam proteger os ouvidos das explosões que surgem.

A equipe se concentrou em uma falsa baleia assassina chamada Kina e procurou ensinar a ela um comportamento condicionado semelhante à forma como Pavlov ensinou os cães a salivarem quando escutassem um sino.

Primeiro, os cientistas tocaram um som suave repetidamente. Em seguida, acompanharam esse pulso delicado com um som alto. Depois de alguns testes, o sinal de alerta, por si só, fez com que Kina diminuísse a sensibilidade da audição.

“Isso é promissor como uma forma de mitigar os efeitos de sons altos”, disse Nachtigall, diretor-fundador do Programa de Pesquisa de Mamíferos Marinhos da Universidade do Havaí. “As pessoas normalmente ficam muito animadas com isso.”

Em maio, Nachtigall e seus colegas apresentaram suas descobertas a cientistas e grupos especializados em acústica reunidos em Hong Kong, incluindo a Sociedade Americana de Acústica. A equipe citou a proteção contra o ensurdecimento como um caminho possível para ajudar os mamíferos marinhos a lidarem com explosões barulhentas de sonares navais, pistolas de ar civis e outros equipamentos.

No futuro, a equipe pretende expandir a pesquisa para outras espécies que vivem em cativeiro e, finalmente, para os animais em estado selvagem.

“Temos um problema no mundo”, disse Nachtigall sobre os ruídos disparados no oceano. “E nós acreditamos que os animais podem aprender a reagir a ele muito rapidamente.”

Cientistas que não estiveram envolvidos com a pesquisa com os mamíferos a consideraram importante.

“É um grande acontecimento”, disse Vincent M. Janik, respeitado biólogo marinho da Universidade de St. Andrews, na Escócia. Por e-mail, ele disse que a pesquisa revelou uma habilidade rara entre as criaturas do planeta.

Carl Safina, presidente do Instituto Blue Ocean, um grupo preservacionista de Cold Spring Harbor, Nova York, considera a descoberta uma possível maneira de observar o que os mamíferos marinhos já fazem em algumas ocasiões para proteger a sua audição.

“Eu às vezes me perguntava por que esses sons de alta intensidade não causam problemas sempre”, disse ele em uma entrevista. “Talvez seja isso; assim que os animais ouvem algo muito alto, eles conseguem ajustar a audição – modular o volume e se proteger.”

Os cientistas dizem que a audição extraordinária dos mamíferos marinhos evoluiu de modo a compensar a má visibilidade sob as ondas, fazendo com que eles se beneficiem das qualidades únicas da água do mar. O som viaja cinco vezes mais rápido na água do que no ar e sofre uma diminuição muito menor.

A cabeça das baleias e dos golfinhos é um labirinto de câmaras de ressonância e lentes acústicas que proporciona aos animais não só uma audição extraordinária, mas também vozes complexas. As canções distintas das baleias jubarte parecem ser cantadas apenas por machos em busca de fêmeas.

Nas últimas décadas, os cientistas associaram a cacofonia humana à redução das vocalizações dos mamíferos, o que sugere um declínio na alimentação e reprodução. E o problema está prestes a piorar: em maio, a Marinha divulgou notas preliminares sobre o impacto ambiental (provenientes de operações no oceano Atlântico e Pacífico) que indicam que as expansões planejadas podem vir a aumentar as perdas auditivas entre os mamíferos marinhos para mais de um milhão a cada ano.

Recentemente, Zak Smith, advogado do Conselho de Defesa de Recursos Nacionais chamou as novas estimativas de “estarrecedoras”.

Para Nachtigall, saber se os níveis de proteção contra a surdez encontrados na baleia Kina podem ser elevados é uma questão científica. A equipe pretende estudar a reação auditiva em espécies como os golfinhos nariz-de-garrafa e as baleias beluga antes de fazer experiências junto a populações que vivem em meio natural.

O grande obstáculo político é a obtenção de financiamento, disse ele. O apoio federal para a pesquisa de mamíferos marinhos diminuiu nos últimos anos, e a iniciativa privada está apenas começando a demostrar interesse pela descoberta.

“Eu estou arrecadando dinheiro onde posso”, observou ele. Nachtigall diz que a pesquisa foi cara porque os mamíferos marinhos necessitam de cuidados extremos.

Para ele, porém, o estudo foi revelador e gratificante. “Estamos apenas começando a entender os processos sonoros ligados às baleias”, disse Nachtigall.

Descoberta colabora com a discussão sobre como reduzir o ruído submarino

Em setembro de 2002, mais de uma dúzia de baleias-bicudas encalharam nas Ilhas Canárias. Equipes de resgate tentaram levar água aos animais encalhados e mantê-los frescos. Ainda assim, todos morreram.

Perto dali, as forças navais da OTAN estavam testando dispositivos sonares para detectar submarinos inimigos, e a divulgação das mortes acabou por reforçar as suspeitas de uma ligação entre o sofrimento das baleias e os altos ruídos emitidos no oceano.

A teoria diz que os mamíferos tentam escapar do barulho disparado nas profundezas do mar, correm para a superfície e, em alguns casos, acabam encalhando. (As baleias-bicudas parecem golfinhos enormes; não se sabe muito a respeito delas pelo fato de mergulharem até profundidades extremas e conseguirem ficar debaixo das ondas durante mais de uma hora antes de virem à superfície para respirar.)

Por décadas, os ambientalistas têm trabalhado para reduzir o barulho submarino – geralmente com pouco sucesso, dada a crescente industrialização e militarização dos oceanos. Eles entraram com ações na justiça e empreenderam campanhas de redação de cartas, incluindo uma recente petição que pede que a Marinha abandone o teste de equipamentos de som submarinos.

A descoberta de que as baleias podem diminuir a sensibilidade da audição para proteger os ouvidos dos ruídos altos, feita pelos biólogos do Havaí, acrescenta uma outra dimensão ao debate.

Michael Jasny, analista sênior de políticas do Conselho de Defesa de Recursos Nacionais , que tem sede em Nova York, considera a pesquisa havaiana fascinante. Ele disse esperar que ela tenha eficácia na proteção da audição das baleias frente a ameaças como os sonares militares.

Ele, porém, caracterizou a descoberta como um trabalho em andamento que colocou muitas perguntas ainda sem resposta.

“É necessário pesquisar muito mais”, disse ele em entrevista. “O estudo poderia ser replicado na natureza? Essa é uma pergunta extremamente importante.”

Para Jasny, mesmo que as baleias possam aprender a dessensibilizar a audição para fins de prevenção, isso abordaria apenas uma parte relativamente pequena do problema do barulho nos oceanos.

“É importante entender que o método proposto tem limites”, disse ele. “Não se trata de uma solução mágica.”

(Fonte: UOL)

terça-feira, 24 de julho de 2012

Poli aponta solução para descarte de esgoto no mar de Santos

Após quatro anos de pesquisas, o oceanógrafo Eduardo Lucas Subtil apresenta em estudo um sistema ideal para o pré-tratamento do esgoto lançado pelo emissário submarino de Santos. “O mais viável, pensando na relação custo e benefício e sustentabilidade ambiental, seria o chamado primário avançado, ou seja, após a remoção de sólidos de grande tamanho, aplicam-se produtos químicos específicos que por processos físico-químicos removeriam os sólidos suspensos e outros elementos, como o fósforo”, descreve.


O emissário oceânico de Santos utiliza o sistema de do tipo preliminar, ou seja, faz um peneiramento, retirando as partículas mais grossas da água, lançando o restante no oceano. “Com a quantidade cada vez maior de vazão, o tratamento preliminar do esgoto não é suficiente para evitar que ocorra aumento na concentração de fósforo, um ingrediente básico de detergentes, na água do mar, provocando crescimento de algas, contaminação e morte de peixes e espécies vegetais, além de odores desagradáveis”, explica o oceanógrafo, que apresentou a sugestão em seu estudo de doutorado apresentado no Departamento de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica (Poli) da USP. Instalado em 1978, o emissário é o mais antigo do Estado e um dos mais importantes. Atende a uma população de cerca de um milhão de pessoas na Baixada Santista.

Para Subtil, “a remoção de sólidos suspensos combinada com a aplicação de produtos químicos específicos resolveria o problema, até agora tratado muito superficialmente”.

Poder público – O descarte do esgoto na natureza deveria ser uma das prioridades do poder público pelas implicações que acarreta ao meio ambiente e também à saúde humana. Com exceção de emissários clandestinos, que despejam na água de rios, lagos e mares esgotos sem nenhum tipo de tratamento, os emissários oficiais e privados (Sabesp, Petrobras) os condicionam com o objetivo de descartá-los com a menor quantidade possível de impurezas, deixando o restante para a natural dispersão e assimilação na água.

De acordo com José Carlos Mierzwa, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Poli, pesquisar as melhores maneiras de tratar o esgoto antes de descartá-lo não é uma exclusividade brasileira: “O pesquisadores do mundo todo buscam as melhores soluções, mas Subtil teve o mérito de fazer o caminho inverso, ou seja, partiu de uma situação ideal, a água mais limpa possível, e retrocedeu até achar o melhor e factível sistema, uma solução que pode servir de parâmetro para situações semelhantes”.

Além do preliminar e do primário, há outros dois tipo de sistema, o secundário e o terciário. Cada um promove uma limpeza mais apurada do esgoto, mas o custo acaba sendo muito alto, conforme o nível de limpeza. “No caso do tratamento secundário, ocorre remoção de matéria orgânica, mas não resolveria o problema do fósforo. Por outro lado, apesar de o tratamento terciário remover matéria orgânica e fósforo, a área necessária para instalação desse tratamento é mais do que o dobro do tratamento primário avançado, por isso consideramos o sistema primário avançado como o mais adequado”, justifica o oceanógrafo.

Além da questão do espaço, o ingrediente financeiro relacionado com a operação do sistema de tratamento fortalece ainda mais a escolha de Subtil. “Como parâmetro, uma estação que trabalhe só com tratamento preliminar custa cerca de US$ 5 milhões ao ano para uma vazão de 4 metros cúbicos (m³) por segundo de água. Pular para o secundário significaria um custo de operação oito vezes maior, enquanto que o tratamento primário representaria um custo cinco vezes maior que o preliminar”, explica Subtil.

O professor Mierzwa conta que um emissário que atingisse áreas mais profundas do oceano também ajudaria a resolver o problema em Santos. “A costa brasileira chega, em média a 10 metros de profundidade e seria necessário um emissário muito maior que o atual, que chega a 4,5 km de distância, o que também seria inviável economicamente”, pondera o especialista.

O pós-graduando fez parte de seu estudo na Universidade de Cantabria, na cidade espanhola de Santander. Lá são realizadas pesquisas semelhantes de tratamento de esgotos. Paralelamente, manteve contatos com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), que o ajudou a levantar dados para as pesquisas interessada também em obter informações mais precisas visando readequações nas estações de tratamento do Estado.

Na opinião do pesquisador, além de mudança na legislação e na parte técnica, o controle de poluentes despejados nos ambientes aquáticos deve levar em conta também aspectos culturais. “Tanto o poder público como a iniciativa privada devem buscar alternativas para o consumo de água, como o reúso, por exemplo, diminuindo a quantidade de líquido descartado em rios, lagos e oceanos”, sugere Subtil.

(Fonte: Agência USP)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

‘Fertilização’ de oceano pode ajudar a conter aquecimento global, diz estudo

Um novo experimento busca “fertilizar” os oceanos com sulfato de ferro para favorecer a proliferação de fitoplâncton – organismos microscópicos, como algas, que vivem próximo à superfície e servem de alimento para muitos animais. O objetivo é fazer com que esses seres capturem o gás carbônico (CO2) do fundo do mar e possam se tornar uma eventual maneira de combater o aquecimento global.


A pesquisa está descrita na revista “Nature” desta semana e foi feita durante cinco semanas na Antártica. O trabalho é considerado pelos autores uma das provas mais detalhadas da fertilização dos oceanos, prática proibida pela legislação internacional, mas liberada para fins científicos.

De acordo com o pesquisador Michael Steinke, da Universidade de Essex, no Reino Unido, o fitoplâncton faz fotossíntese assim como as plantas em terra firme, armazenando CO2 e liberando O2, o que ajudaria a manter a temperatura ambiente.

Segundo os estudiosos, a proliferação de algas unicelulares chamadas diatomáceas atingiu o pico um mês após o início da experiência. Posteriormente, houve uma significativa mortalidade dessa espécie, o que formou uma massa viscosa, incluindo material fecal do zooplâncton – como peixes, crustáceos e águas vivas –, que rapidamente submergiu para o fundo do oceano.

Os autores dizem que pelo menos metade dessa biomassa já deve ter ultrapassado 1 km de profundidade e uma porção chegou às profundezas. Depois que o fitoplâncton morre, pode ficar por vários anos preso aos sedimentos no fundo do mar.

Apesar da descoberta, Steinke acredita que a técnica não será usada em larga escala para amenizar a mudança climática, pois encontrar o lugar adequado para esses trabalhos é difícil e custa caro.

Em 2007, especialistas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) alertaram sobre os riscos dessa técnica, especialmente para o ambiente marinho, um aspecto ausente no estudo publicado esta semana.

Em outra pesquisa, feita em 2004 nos mares do sul por uma equipe liderada pelo cientista Victor Smetacek, do Instituto de Investigação Marítima, em Bremerhaven, na Alemanha, não foi possível avaliar com precisão a duração dessa captura de CO2.

(Fonte: Globo Natureza)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pesca excessiva ameaça 30% das populações de peixes, afirma ONU

Relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) informou que a comunidade internacional tem que fazer mais para garantir a pesca sustentável no mundo e alertou que quase 30% das populações de peixes correm risco de desaparecer devido à pesca excessiva.


No documento, divulgado nesta segunda-feira (9), a entidade afirma que muitas das populações marinhas, mesmo aquelas já monitoradas pela FAO, continuam sofrendo uma grande pressão. “A superexploração não afeta somente de forma negativa o meio ambiente, mas também reduz a produção pesqueira, com efeitos negativos sociais e econômicos”.

Segundo a agência da ONU, para aumentar a contribuição da pesca marinha à segurança alimentar, às economias e ao bem-estar das comunidades costeiras, é necessário aplicar planos eficazes para reestabelecer as populações de peixes afetados pela sobrepesca.

De acordo com estatísticas apresentadas pelo órgão, cerca de 57% dos peixes estão totalmente explorados (ou seja, o limite sustentável já está próximo de ser atingido) e apenas 13% não estão totalmente explorados. “É necessário fortalecer a governança e ordenar de forma eficaz a pesca”, disse.

Dados da FAO de 2012 mostram que o setor pesqueiro produziu a cifra recorde de 128 milhões de toneladas de pescado para consumo humano – uma média de 18,4 kg por pessoa – proporcionando 15% da ingestão de proteína animal a mais de 4,3 milhões de pessoas. Além disso, o setor emprega atualmente 55 milhões de pessoas.

O relatório da ONU sustenta que o fomento à pesca e à piscicultura sustentáveis pode incentivar a administração de ecossistemas em larga escala e defende mecanismos como a adoção de um sistema de pesca e aquicultura mais justos e responsáveis.

Proteção dos oceanos foi tema da Rio+20 – A proteção à biodiversidade marinha foi um dos principais temas debatidos pelos 188 países reunidos durante a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada no Rio de Janeiro entre os dias 13 e 22 de junho.

Um dos resultados definidos no documento “O futuro que queremos”, fruto das negociações diplomáticas, é a adoção de um novo instrumento internacional sob a Convenção da ONU sobre os Direitos do Mar (Unclos), para uso sustentável da biodiversidade e conservação em alto mar.

O documento prevê ainda, entre outras medidas, a criação de um fórum político de alto nível para o desenvolvimento sustentável dentro da ONU, além de reafirmar um dos Princípios do Rio, criado em 1992, sobre as “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”. Este princípio significa que os países ricos devem investir mais no desenvolvimento sustentável por terem degradado mais o meio ambiente durante séculos.

Outra medida aprovada é o fortalecimento do Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (Pnuma) e o estabelecimento da erradicação da pobreza como o maior desafio global do planeta. Para isso, o documento recomenda que “o Sistema da ONU, em cooperação com doadores relevantes e organizações internacionais”, facilite a transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento.

Esse sistema atuaria para facilitar o encontro entre países interessados e potenciais parceiros, ceder ferramentas para a aplicação de políticas de desenvolvimento sustentável, fornecer bons exemplos de políticas nessas áreas e informar sobre metodologias para avaliar essas políticas.

(Fonte: Globo Natureza)

terça-feira, 10 de julho de 2012

Nordeste terá 1ª indústria do Brasil de combustível feito com algas marinhas

O estado de Pernambuco, no Nordeste, deve receber a partir do último trimestre de 2013 a primeira planta industrial de biocombustível produzido com algas marinhas, que promete contribuir na redução do envio de CO2 à atmosfera.


O projeto, uma parceria entre o grupo brasileiro JB, produtor de etanol no Nordeste, e a empresa See Algae Technology (SAT), da Áustria, contará com investimento de 8 milhões de euros (R$ 19,8 milhões) para montar em Vitória de Santo Antão – a 53 km de Recife – uma fazenda vertical de algas geneticamente modificadas e que vão crescer com a ajuda do sol e de emissões de dióxido de carbono (CO2)

Segunda a empresa, é a primeira vez no mundo que este tipo de combustível será fabricado e comercializado. Atualmente, a tecnologia só é desenvolvida para fins científicos. Laboratórios dos Estados Unidos e até mesmo do Brasil já pesquisam a respeito.

No caso da usina pernambucana, o biocombustível será produzido com a ajuda do carbono proveniente da produção de etanol, evitando que o gás poluente seja liberado na atmosfera e reduzindo os efeitos da mudança climática.

De acordo com Rafael Bianchini, diretor da SAT no Brasil, a unidade terá capacidade de produzir 1,2 milhão de litros de biodiesel ou 2,2, milhões de litros de etanol ao ano a partir de um hectare de algas plantadas.

O produto resultante poderá substituir, por exemplo, o biodiesel de soja, dendê, palma ou outros itens que podem ser utilizados na indústria alimentícia aplicado no diesel – atualmente 5% do combustível é biodiesel.

“É uma reciclagem [do CO2 emitido] e transformação em combustível. Um hectare de algas consome 5 mil toneladas de dióxido de carbono ao ano. O CO2, que é o vilão do clima, passa a ser matéria-prima valorizada”, explica Bianchini.

Mas como funciona? – Em vez de criações de algas expostas, a SAT planeja instalar módulos fechados com até cinco metros de altura que vão receber por meio de fibra óptica a luz do sol (capturada por placas solares instaladas no teto da usina). Além disso, há a injeção de CO2 resultante do processo de fabricação do etanol de cana.

De acordo com Carlos Beltrão, diretor-presidente do grupo JB, a previsão é que projeto comece a funcionar a partir de 2014 e seja replicado para outra unidade, instalada em Linhares, no Espírito Santo. “Hoje nossa missão é tentar trabalhar e chegar ao carbono zero. Nós produzimos CO2 suficiente para multiplicar esse investimento em dez vezes”, disse Beltrão.

O biocombustível de algas ainda precisa ser aprovado e validado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Bioquímicos – Além dos combustíveis, outros produtos resultantes do processamento de algas marinhas geneticamente modificadas são os bioquímicos como o ácido graxo ômega 3, utilizados pela indústria alimentícia e de cosméticos.

O ômega 3, que contribui para reduzir os níveis de colesterol no corpo humano e combate inflamações, é normalmente encontrado em óleos vegetais ou em peixes.

Com a extração desse ácido das algas processadas e comercialização com empresas brasileiras, Bianchini espera contribuir com a redução da pesca de espécies marinhas que já sofrem com o impacto das atividades predatórias. “Seria uma alternativa para reduzir a sobrepesca e também para não haver mais dependência somente do peixe”, disse.

(Fonte: Globo Natureza)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Pentágono se inspira na lagosta ‘com soco mais rápido do mundo’

Um crustáceo está sendo estudado pela Universidade da Califórnia para incrementar a resistência de aeronaves da Força Aérea dos Estados Unidos.


A lagosta-boxeadora (Odontodactylus scyllarus), também conhecida como tamarutaca no Brasil, chama a atenção pelas cores fortes e por sua semelhança ao louva-a-deus.

Por isso, em inglês é chamada de lagosta pavão-louva-deus.

O bicho é conhecido por ter o soco mais rápido do mundo, que mesmo de baixo d’água chega a 72 quilômetros por hora.

A equipe usou microscópios eletrônicos, raios-X, espectroscopia e simulações de computadores para entender a estrutura das patas do crustáceo.

O coordenador da pesquisa, David Kisailus, declarou ao jornal ‘Los Angeles Times’: ‘Nós ficamos impressionados com este ‘cara’, que golpeia as suas vítimas dezenas de milhares de vezes em um período de três a quatro meses sem quebrar a mão.
Por décadas as pessoas estudaram os caracóis como a referência em resistência a impactos. Mas a tamarutaca come eles no jantar’.

O segredo da lagosta-boxeadora é uma pata revestida por três camadas de minerais e fibras que podem absorver repetidos impactos.

A pesquisa foi publicada recentemente na versão online da publicação ‘Science’.

‘Quatro milhões da anos atrás, o crustáceo estava armado com uma lança, mas com o passar do tempo, evoluiu para um taco, capaz de quebrar as carapaças de caranguejos e moluscos… Pensamos que se pudéssemos imitar a estrutura de três camadas, dentro do taco, poderia haver uma aplicação militar’, explicou Kisailus ao jornal britânico ‘Times’.

O periódico revelou que a pesquisa recebeu US$ 600 mil de um fundo da Força Aérea americana e que os pesquisadores já construíram um protótipo feito de alumínio e carbono que se mostrou à prova de bala e mais leve do que materiais usados hoje em dia na fabricação dos caças.
Uma versão para testes militares deve estar pronta em 2015.

(Fonte: G1)