quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Estudo: Península Antártida começou a esquentar há 600 anos


As temperaturas na Península Antártida começaram a subir naturalmente há 600 anos, bem antes de a humanidade passar a provocar mudanças climáticas, disseram cientistas em um estudo publicado nesta quarta-feira, que ajuda a explicar recentes colapsos de enormes banquisas de gelo.

O estudo diz que o atual ritmo de aquecimento, de 2,6°C por século, é “excepcional”, mas não inédito. “Quando o recente aquecimento excepcional começou, as banquisas da Península Antártida já estavam fadadas aos dramáticos rompimentos observados a partir da década de 1990″, disse a Pesquisa Antártida Britânica, que comandou o estudo publicado na revista Nature.

O aquecimento decorrente de variações naturais, talvez afetando ventos e correntes oceânicas, começou há 600 anos, tornando as banquisas – pedaços de gelo flutuando no mar em torno da península – vulneráveis a um aquecimento cada vez mais forte a partir de 1920.

Nos últimos anos, vários blocos de gelo despencaram ao redor da península, inclusive as banquisas Larsen A e B e a Wilkins. Cerca de 25 mil km² de gelo se perderam, mais ou menos o tamanho do Haiti.

Cientistas ligados à ONU consideram que as emissões de gases do efeito estufa pela queima de combustíveis fósseis, a partir da Revolução Industrial (século 18), contribuem de forma decisiva para as alterações climáticas no planeta, responsáveis por secas, inundações e elevações do nível dos mares.

“O que estamos vendo é consistente com o aquecimento induzido pelos humanos, somando-se ao natural”, disse à Reuters o cientista coordenador do estudo, Robert Mulvaney. Ele alertou que o trabalho, feito em conjunto com especialistas da Austrália e da França, abrange apenas uma pequena parte da Antártida.

Os cientistas perfuraram um buraco de 364 m no gelo da ilha James Ross, ao norte da península, para estudar as pistas sobre as temperaturas nos últimos 15 mil anos.

A perda das banquisas não contribui para a elevação dos mares, pois esse gelo já faz parte do oceano. Mas, sem a contenção delas, as geleiras em terra podem começar a deslizar mais rapidamente para o mar, agregando água ao oceano e causando sua elevação no mundo todo.
(Fonte: Portal Terra)

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Brasil fica em 27º lugar em ranking mundial de qualidade dos oceanos

Pesquisadores divulgaram nesta quinta-feira (15) um indicador inédito que mede a qualidade oceânica e marítima do mundo, o chamado “Índice de Saúde do Oceano”. Foram reunidos dados das águas do litoral de 171 países, ilhas e territórios do planeta.


Publicado na revista “Nature”, o estudo mostra que o Brasil está 35ª posição, se forem consideradas no ranking três ilhas desabitadas dos EUA (incluindo a Ilha de Jarvis), duas ilhas pertencentes à França (a Ilha de Clipperton, que é desabitada, e a Polinésia Francesa) e três outros territórios pertencentes à Grã-Bretanha e Austrália. Se forem contabilizados só os países, o Brasil sobe para a 27ª posição entre os que têm saúde oceânica mais alta.

O resultado brasileiro, de 62 pontos em uma escala que vai de 0 a 100, é um pouco melhor que a média global, de 60 pontos.

O pior resultado ficou para Serra Leoa, na África, com 36 pontos. Já o país com mar mais saudável, sem considerar as ilhas desabitadas, é o arquipélago Seychelles, localizado no oceano Índico, próximo à África, com 73 pontos.

Mais de 65 cientistas avaliaram uma centena de conjuntos de dados para elaborar o estudo. O índice é formado por dez metas, que incluem biodiversidade, limpeza das águas, proteção ambiental da costa, oportunidades de pesca artesanal e oferta de turismo na região, entre outros.

Bem na maioria das metas – Em seis das dez metas, o Brasil obteve pontuação igual ou maior do que a média global. Nas quatro demais, o país recebeu nota menor. As águas brasileiras são mais poluídas (76 pontos) que a média mundial (78 pontos), de acordo com o estudo.

Por outro lado, o país saiu-se bem melhor (81 pontos) do que a média mundial (55 pontos) em preservação das espécies e criação de áreas de proteção na costa. Os dois aspectos foram reunidos na meta “identidade local”, que avalia principalmente as espécies de animais icônicos do litoral.

O pior resultado brasileiro foi com relação à densidade de turistas nas áreas costeiras, em que o país recebeu nota zero. A média global, de 10 pontos, não foi muito melhor.

As águas do litoral brasileiro são consideradas mais saudáveis do que as do Uruguai (47 pontos), Argentina (52 pontos), Chile (60 pontos) e Venezuela (46 pontos), entre outros países da América Latina.

A maioria dos países teve nota baixa em itens como oferta de alimentos (24 pontos, na média global). Segundo a pesquisa, o resultado mostra que é preciso abandonar técnicas predatórias de pesca e aperfeiçoar as formas sustentáveis.

Países com a mesma nota mas que estão posicionados abaixo no ranking receberam pontuação menor em uma ou mais metas.

Fórmula – A fórmula para um bom indicador de saúde dos mares inclui economia forte, governo estável e políticas de cuidado com as faixas litorâneas, segundo os pesquisadores.

O documento publicado na “Nature” ressalta a ótima nota obtida pela Alemanha (73 pontos), em segundo lugar no ranking, logo atrás das ilhas Seychelles, se forem considerados somente os países.

As nações mais mal-avaliadas estão na costa oeste da África, segundo os cientistas. O desempenho ruim está ligado a baixos indicadores de desenvolvimento humano, de acordo com o estudo.

A pesquisa foi elaborada por uma série de entidades, instituições científicas e universidades, incluindo a Conservação Internacional, a Fundação pela Vida no Oceano Pacífico e a sociedade National Geographic.

(Fonte: Rafael Sampaio/ Globo Natureza)

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Proteção à corrosão de embarcações marítimas

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está participando de uma iniciativa internacional para a formulação de uma nova geração de revestimentos orgânicos que combinem a capacidade anticorrosiva de autocura com propriedades anti-incrustantes para aplicações offshore.


O objetivo do projeto, denominado “Nanomar”, é desenvolver revestimentos que façam a liberação controlada de inibidores de corrosão e de agentes biocidas a partir de recipientes nanoestruturados – os chamados nanocontêineres –, em zonas danificadas de estruturas como plataformas de petróleo e moinhos de vento.

Financiado pelo Seventh Framework Programme for Research FP7, o principal programa de financiamento da União Europeia para iniciativas de pesquisa e desenvolvimento, o projeto, com duração de 24 meses, é coordenado pela Universidade de Aveiro (UAVR), em Portugal.

Além do Laboratório de Corrosão e Proteção do IPT também participam do projeto a Sociedade Max Planck Society, da Alemanha, e o Instituto de Cristalografia da Rússia.

Estudos feitos no Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro na Universidade de Aveiro confirmaram a possibilidade de incorporar nanopartículas de características diferentes em um único revestimento anticorrosivo.

A tecnologia possibilita a entrada em ação somente quando um agente externo atacar uma determinada região – ou seja, um revestimento ‘inteligente’ atuante a partir do momento do dano, em um processo semelhante ao de autocicatrização da pele humana, e de dupla função.

Enquanto uma parte das nanopartículas presentes no revestimento irá agir como inibidora da corrosão, outra terá compostos biocidas para impedir a proliferação de microrganismos como algas e o desenvolvimento de cracas (crustáceos que se fixam e proliferam em superfícies duras, como píeres e barcos) nas áreas submersas, que também colaboram para acelerar o processo de corrosão.

“A estrutura ficará protegida contra dois agentes externos e terá uma maior vida útil”, disse Célia Aparecida dos Santos, pesquisadora do IPT, que participa do projeto.

A proteção contra corrosão em aplicações marítimas é feita atualmente com revestimentos tradicionais, alguns deles contendo cromatos em suas formulações, que foram proibidos em diversos países e apesar de tóxicos, possuem alto desempenho.

O desafio do projeto é obter um revestimento que seja tão ou mais eficiente do que os cromatos, mas sem a presença de metais pesados e não agressivo ao meio ambiente.

(Fonte: Agência Fapesp)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Ban Ki-moon anuncia iniciativa para proteger os oceanos

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apresentou neste domingo (12) uma nova iniciativa para proteger os oceanos da poluição, da pesca excessiva e da elevação do nível das águas que ameaça centenas de milhões de pessoas. A iniciativa, batizada de Oceans Compact, pretende tornar mais eficaz, dentro da ONU, a coordenação dos esforços para preservar os oceanos que estão em situação precária, ressaltou Ban Ki-moon.


“Nossos oceanos se aquecem e estendem”, disse em um discurso em Yeosu, na região sul da Coreia do Sul, ao inaugurar uma conferência que recorda o 30º aniversário da assinatura da Convenção das Nações Unidas sobre direito marítimo.

“Corremos o risco de mudanças irrevogáveis em processos que apenas compreendemos, como as grandes correntes que afetam a meteorologia. A acidificação dos oceanos destrói a base da vida nos mares; a elevação das águas ameaça mudar o traçado do mapa do mundo às custas de centenas de milhões de pessoas entre as mais vulneráveis do planeta”, advertiu.

Uma comissão de alto nível será constituída para para elaborar um plano de ação. Será integrada por autoridades políticas, cientistas e oceanógrafos, representantes do setor privado e da sociedade civil, além de autoridades dos organismos relevantes da ONU.

Até 2025, todos os países devem fixar objetivos de redução dos vazamentos de poluentes e pelo menos 10% das zonas costeiras e marinhas devem estar protegidas.

A iniciativa também pede o reforço da luta contra a pesca ilegal, a reconstituição das reservas e a erradicação das espécies invasivas. A acidificação dos oceanos é provocada pela absorção de CO2. Isto diminui o PH da água e acarreta uma combinação de mudanças químicas.

Desde o início da revolução industrial, o PH médio das águas na superfície dos oceanos diminuiu aproximadamente 0,1 unidade, passando de 8,2 a 8,1, elevando assim a acidez.

Projeções feitas por computadores mostram uma redução do PH em 0,2 a 0,3 unidade adicional até o fim do século. O Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos prevê o aumento do nível das águas, em consequência do aquecimento global, de entre 8 e 23 cm até 2030, na comparação com o nível do ano 2000, de entre 18 e 48 cm até 2050, e de entre 50 cm e 1,40 m até 2100.

A última estimativa está muito acima da projeção do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) no relatório de 2007, que previa uma alta de entre 18 e 59 cm até o fim do século.

O objetivo da comunidade internacional é limitar o aquecimento a menos de dois graus centígrados na comparação com o período pré-industrial, levando em consideração que a temperatura global aumentou quase um grau.
(Fonte: Portal Terra)

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Baleias sabem lidar com ruídos subaquáticos produzidos pelo homem

Talvez possamos salvar as baleias – ou pelo menos a audição delas. Cientistas acreditaram por muito tempo que ruídos subaquáticos produzidos pelo homem – oriundos de motores, sonares, testes de armas e de ferramentas industriais como canhões de ar, utilizados na exploração de petróleo e gás – provocavam surdez nas baleias e outros mamíferos marinhos. A Marinha estima que os fortes barulhos provocados apenas pelos seus dispositivos de escuta subaquáticos, principalmente os sonares, resultam em perda auditiva temporária ou permanente em mais de 250 mil criaturas marinhas todos os anos, um número que está aumentando.


Agora, os cientistas descobriram que as baleias podem diminuir a sensibilidade da audição para proteger os ouvidos de ruídos altos. Os seres humanos costumam fazer isso com os dedos indicadores; os cientistas ainda não descobriram como as baleias o fazem, mas identificaram um primeiro indício desse comportamento.

“É o equivalente a colocar um protetor nos ouvidos quando um jato está sobrevoando”, disse Paul E. Nachtigall, biólogo marinho da Universidade do Havaí que liderou a equipe que fez a descoberta. “É como um controle de volume.”

A descoberta, mesmo que preliminar, já está aumentando as expectativas de desenvolver sinais de advertência que alertem baleias, golfinhos e outros mamíferos marinhos para perigos auditivos.

Peter Madsen, professor de biologia marinha da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, disse aplaudir o time havaiano por sua “pesquisa elegante” e a promessa de formas inovadoras de “abordar alguns dos problemas do barulho”. Contudo, pediu cautela quanto a permitir que a descoberta diminua iniciativas de reduzir o barulho no oceano em todo o mundo, as quais ajudariam mais diretamente os mamíferos marinhos que estão sendo perturbados.

A ameaça de ruído surge por conta das propriedades básicas de água do mar. Normalmente, a luz pode viajar por centenas de metros pela água do oceano antes de se extinguir. Mas o som pode viajar por centenas de quilômetros.

Os oceanos do mundo foram ficando mais barulhentos com a expansão das atividades submarinas das empresas e dos governos. Os pesquisadores já associaram a crescente balbúrdia à surdez, deterioração de tecidos dos animais, encalhes em massa e desorientação de criaturas que dependem da audição para se guiar, encontrar comida e cuidar dos filhotes.

O perigo virou um joguete político. Em 2008, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos julgou uma ação movida pelo Conselho de Defesa de Recursos Nacionais contra a Marinha sobre o ruído produzido no oceano; o tribunal determinou que os navios de guerra têm direito de testar os sistemas de sonar de submarinos de caça. Contundo, os ambientalistas viram uma vitória tácita mesmo no fato de o mais alto tribunal da nação ter chegado a considerar a saúde dos mamíferos marinhos em um debate sobre a segurança nacional.

O mais recente acontecimento ligado ao assunto ocorreu em um centro de pesquisa perto de Oahu – localizado em uma ilha onde as imagens de abertura de “A Ilha dos Birutas” foram filmadas.

Lá há cientistas estudando o modo como os golfinhos e as baleias dentadas ouvem. Na natureza, os mamíferos emitem sons e escutam o retorno de ecos em um comportamento sensorial conhecido como ecolocalização. Em cativeiro, os cientistas ensinaram as criaturas a usar eletrodos de sucção que revelaram os padrões das ondas cerebrais implicadas na audição.

A descoberta foi se revelando em etapas. Primeiro, Nachtigall e sua equipe descobriram que os animais conseguem ajustar a audição como uma forma de reação aos altos sons da ecolocalização produzidos por eles mesmos, que são principalmente estalidos agudos. Os cientistas então se perguntaram se os animais também poderiam proteger os ouvidos das explosões que surgem.

A equipe se concentrou em uma falsa baleia assassina chamada Kina e procurou ensinar a ela um comportamento condicionado semelhante à forma como Pavlov ensinou os cães a salivarem quando escutassem um sino.

Primeiro, os cientistas tocaram um som suave repetidamente. Em seguida, acompanharam esse pulso delicado com um som alto. Depois de alguns testes, o sinal de alerta, por si só, fez com que Kina diminuísse a sensibilidade da audição.

“Isso é promissor como uma forma de mitigar os efeitos de sons altos”, disse Nachtigall, diretor-fundador do Programa de Pesquisa de Mamíferos Marinhos da Universidade do Havaí. “As pessoas normalmente ficam muito animadas com isso.”

Em maio, Nachtigall e seus colegas apresentaram suas descobertas a cientistas e grupos especializados em acústica reunidos em Hong Kong, incluindo a Sociedade Americana de Acústica. A equipe citou a proteção contra o ensurdecimento como um caminho possível para ajudar os mamíferos marinhos a lidarem com explosões barulhentas de sonares navais, pistolas de ar civis e outros equipamentos.

No futuro, a equipe pretende expandir a pesquisa para outras espécies que vivem em cativeiro e, finalmente, para os animais em estado selvagem.

“Temos um problema no mundo”, disse Nachtigall sobre os ruídos disparados no oceano. “E nós acreditamos que os animais podem aprender a reagir a ele muito rapidamente.”

Cientistas que não estiveram envolvidos com a pesquisa com os mamíferos a consideraram importante.

“É um grande acontecimento”, disse Vincent M. Janik, respeitado biólogo marinho da Universidade de St. Andrews, na Escócia. Por e-mail, ele disse que a pesquisa revelou uma habilidade rara entre as criaturas do planeta.

Carl Safina, presidente do Instituto Blue Ocean, um grupo preservacionista de Cold Spring Harbor, Nova York, considera a descoberta uma possível maneira de observar o que os mamíferos marinhos já fazem em algumas ocasiões para proteger a sua audição.

“Eu às vezes me perguntava por que esses sons de alta intensidade não causam problemas sempre”, disse ele em uma entrevista. “Talvez seja isso; assim que os animais ouvem algo muito alto, eles conseguem ajustar a audição – modular o volume e se proteger.”

Os cientistas dizem que a audição extraordinária dos mamíferos marinhos evoluiu de modo a compensar a má visibilidade sob as ondas, fazendo com que eles se beneficiem das qualidades únicas da água do mar. O som viaja cinco vezes mais rápido na água do que no ar e sofre uma diminuição muito menor.

A cabeça das baleias e dos golfinhos é um labirinto de câmaras de ressonância e lentes acústicas que proporciona aos animais não só uma audição extraordinária, mas também vozes complexas. As canções distintas das baleias jubarte parecem ser cantadas apenas por machos em busca de fêmeas.

Nas últimas décadas, os cientistas associaram a cacofonia humana à redução das vocalizações dos mamíferos, o que sugere um declínio na alimentação e reprodução. E o problema está prestes a piorar: em maio, a Marinha divulgou notas preliminares sobre o impacto ambiental (provenientes de operações no oceano Atlântico e Pacífico) que indicam que as expansões planejadas podem vir a aumentar as perdas auditivas entre os mamíferos marinhos para mais de um milhão a cada ano.

Recentemente, Zak Smith, advogado do Conselho de Defesa de Recursos Nacionais chamou as novas estimativas de “estarrecedoras”.

Para Nachtigall, saber se os níveis de proteção contra a surdez encontrados na baleia Kina podem ser elevados é uma questão científica. A equipe pretende estudar a reação auditiva em espécies como os golfinhos nariz-de-garrafa e as baleias beluga antes de fazer experiências junto a populações que vivem em meio natural.

O grande obstáculo político é a obtenção de financiamento, disse ele. O apoio federal para a pesquisa de mamíferos marinhos diminuiu nos últimos anos, e a iniciativa privada está apenas começando a demostrar interesse pela descoberta.

“Eu estou arrecadando dinheiro onde posso”, observou ele. Nachtigall diz que a pesquisa foi cara porque os mamíferos marinhos necessitam de cuidados extremos.

Para ele, porém, o estudo foi revelador e gratificante. “Estamos apenas começando a entender os processos sonoros ligados às baleias”, disse Nachtigall.

Em setembro de 2002, mais de uma dúzia de baleias-bicudas encalharam nas Ilhas Canárias. Equipes de resgate tentaram levar água aos animais encalhados e mantê-los frescos. Ainda assim, todos morreram.

Perto dali, as forças navais da OTAN estavam testando dispositivos sonares para detectar submarinos inimigos, e a divulgação das mortes acabou por reforçar as suspeitas de uma ligação entre o sofrimento das baleias e os altos ruídos emitidos no oceano.

A teoria diz que os mamíferos tentam escapar do barulho disparado nas profundezas do mar, correm para a superfície e, em alguns casos, acabam encalhando. (As baleias-bicudas parecem golfinhos enormes; não se sabe muito a respeito delas pelo fato de mergulharem até profundidades extremas e conseguirem ficar debaixo das ondas durante mais de uma hora antes de virem à superfície para respirar.)

Por décadas, os ambientalistas têm trabalhado para reduzir o barulho submarino – geralmente com pouco sucesso, dada a crescente industrialização e militarização dos oceanos. Eles entraram com ações na justiça e empreenderam campanhas de redação de cartas, incluindo uma recente petição que pede que a Marinha abandone o teste de equipamentos de som submarinos.

A descoberta de que as baleias podem diminuir a sensibilidade da audição para proteger os ouvidos dos ruídos altos, feita pelos biólogos do Havaí, acrescenta uma outra dimensão ao debate.

Michael Jasny, analista sênior de políticas do Conselho de Defesa de Recursos Nacionais , que tem sede em Nova York, considera a pesquisa havaiana fascinante. Ele disse esperar que ela tenha eficácia na proteção da audição das baleias frente a ameaças como os sonares militares.

Ele, porém, caracterizou a descoberta como um trabalho em andamento que colocou muitas perguntas ainda sem resposta.

“É necessário pesquisar muito mais”, disse ele em entrevista. “O estudo poderia ser replicado na natureza? Essa é uma pergunta extremamente importante.”

Para Jasny, mesmo que as baleias possam aprender a dessensibilizar a audição para fins de prevenção, isso abordaria apenas uma parte relativamente pequena do problema do barulho nos oceanos.

“É importante entender que o método proposto tem limites”, disse ele. “Não se trata de uma solução mágica.”

(Fonte: Portal iG)

Baleias-francas viram atração em praia de Florianópolis/SC

Quatro baleias-francas chamaram a atenção no final da tarde deste sábado na praia do Morro das Pedras, localizada na região sul de Florianópolis. Até o momento, 2012 é o ano com o maior registro de presença da espécie na costa brasileira.


O grupo formado por dois animais adultos e dois filhotes se aproximou bastante da praia e fez a alegria de moradores locais e turistas. Os filhotes estavam se alimentando, mas em várias oportunidades bateram com a cauda na superfície da água e deixaram as nadadeiras à mostra.

Muita gente aproveitou para fotografar os “acenos” das baleias-francas. No final da tarde, o público se aglomerou na praia para observar os animais. “Não é a primeira vez que vejo, mas todas as vezes são sempre emocionantes. Não sei explicar por quê, mas acho que é por ser um contato mais direto com a natureza”, afirma Camila Cristina Alves, 36 anos.

O número de baleias-francas avistado no litoral de Santa Catarina este ano é considerado recorde. De acordo com os dados do Projeto Baleia Franca (PBF), até o final de julho foram observados 103 animais, sendo que 32 deles eram filhotes. É o maior número de animais registrados desde 2002, quando o PBF iniciou os sobrevoos de monitoramento. A presença é bem superior do que o recorde anterior, observado em julho de 2009: 61 animais.

(Fonte: Portal Terra)