quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Brasileiros darão volta ao mundo para ver ameaça do plástico ao mar

Um casal de brasileiros assumiu a responsabilidade de contribuir com a ciência para obter mais detalhes sobre o impacto do plástico nos oceanos. Eles resolveram dar a volta ao mundo a bordo de um veleiro para colher amostras da água, que poderão fornecer detalhes sobre a atual situação dos mares.

Os paulistas Marcela Rocha e Danilo Mesquista embarcam nesta terça-feira (25), dia de Natal, na primeira etapa da “Expedição 4 Ventos”, que deve durar pelo menos 2 anos e pretende percorrer 48,2 mil km, passar por ao menos 20 países e cruzar os Oceanos Pacífico, Atlântico e Índico.

Em parceria com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), eles recolherão amostras para auxiliar na investigação do microplástico, partículas de 5 milímetros de materiais orgânicos sintéticos que ficam na superfície do mar e ameaçam a biodiversidade.

A paixão pelo mar, aliada ao hobbie do casal por aulas de mergulho, desenvolveu a preocupação em preservar o universo marinho – cuja perda da biodiversidade fez acender um alerta mundial.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), 13 mil partículas de lixo plástico são encontradas em cada quilômetro quadrado do mar, mas o problema é maior no Norte do Pacífico.

As partículas plásticas estão sendo aspiradas pelas criaturas do mar e pelas aves, e a mistura é rica em produtos químicos tóxicos. Pássaros e peixes morrem de inanição por confundirem as partículas plásticas com alimento. Estudos já comprovaram que até mesmo os plânctons, a base da cadeia alimentar, estão sendo impactados.

Em entrevista ao G1 direto de Miami, nos Estados Unidos, de onde o veleiro modelo Gulfstar 37 partirá nesta terça, Marcela Rocha, componente da missão, afirmou que a coleta das micropartículas será feita por uma rede especial desenvolvida pela USP em parceria com a Administração Nacional dos Oceanos e da Atmosfera (NOAA, na tradução do inglês), instituto do governo dos EUA.

Chamada de rede de Nêuston, o equipamento vai recolher o plástico da superfície marinha e as amostras serão enviadas, sob refrigeração, para os laboratórios da USP. “Acreditamos que o estudo pode contribuir para a constatação sobre a realidade das águas do planeta, além de um plano de prevenção para a preservação da vida marinha”, explica.

O veleiro – Um Gulfstar 37 pés será o meio de transporte do casal – que já se prepara psicologicamente para a convivência no isolamento. “O Danilo já me alertou que se a TPM pegar pesada, vou para o bote de salvamento”, brinca Marcela, que é radialista e abandonou a profissão pelo projeto (mesma decisão tomada por Danilo, também radialista).

Preparado com um dessalinizador (que transforma água salobra em potável), além de ser autossuficiente em energia, graças a um painel solar e um gerador eólico, o barco terá comunicação via satélite, internet e telefone, com o apoio de uma empresa de telefonia móvel.

O navio sairá de Miami em direção a Cuba, atravessando o Mar do Caribe rumo ao Panamá, onde terão acesso ao Oceano Pacífico, com foco na parte Sul. Depois, cruzarão parte da Ásia, acessando o Oceano Índico, até o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, onde entram nas águas do Atlântico Sul, rumo ao Brasil. A previsão é que veleiro chegue em águas brasileiras em fevereiro de 2015.

Segundo Marcela, a expedição visitará áreas ainda inóspitas, carentes de estudos, principalmente aquelas do Pacífico Sul e Atlântico Sul. Ela afirma que a ilha de Lixo conhecida como “Grande Porção de Lixo do Pacífico”, localizada entre os EUA, Canadá e o Havaí, não será alvo da pesquisa.

Desafio mundial – A proteção dos oceanos se tornou uma das principais bandeiras da Organização das Nações Unidas (ONU). Neste ano, durante a conferência Rio+20, países negociaram a criação de regras mais duras para preservação marinha, com o objetivo de proteger a biodiversidade e não impactar a segurança alimentar.

Rosalinda Montone, professora do Instituto Oceanográfico da USP e responsável por analisar as partículas de poluentes recolhidas em alto mar, disse que esses fragmentos podem impactar a cadeia alimentar dos oceanos.

Ela ressalta a importância da expedição e disse que a captação de amostras é uma das partes mais difíceis do projeto. “Vamos depender muito de coleta, considerada uma parte crítica e cuidadosa”, disse.

Ela afirma que o objetivo da parceria entre o IO e a expedição é realizar um mapeamento dos pontos do planeta onde ocorrem alta concentração de partículas de plástico. “Temos que pensar no uso do plástico no continente, não no mar. Certamente será um dos grandes desafios da humanidade”, explica a pesquisadora.

Ambiente Brasil - (Fonte: Eduardo Carvalho/ Globo Natureza)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Recuperar os oceanos custa R$ 10,4 bilhões iniciais, diz relatório da ONU

Um relatório recém-divulgado pela ONU estima ser necessário aplicar US$ 5 bilhões (R$ 10,4 bilhões, em valores atuais) como investimento inicial para reverter a degradação dos oceanos no mundo. Os recursos, se aplicados ao longo dos próximos 20 anos, serão suficientes para catalisar ações e novos fluxos financeiros na recuperação dos mares.
O objetivo do documento, chamado “Catalisando o Financiamento dos Oceanos”, é ajudar empresas privadas e o setor público a criar políticas claras e incentivos para a proteção dos mares, uma vez que a degradação oceânica atinge centenas de milhões de pessoas nos países mais pobres.
Segundo o chefe de governança de água e oceano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Andrew Hudson, os mares estão “sob séria ameaça devido à poluição, superexploração, perda de habitat, espécies invasoras e mudanças climáticas”.
As afirmações foram feitas durante o lançamento do relatório nos EUA, na última sexta-feira (14), de acordo com o site da ONU.
O documento defende a aplicação de uma mistura de políticas públicas e ações de mercado para a preservação dos oceanos e sua gestão sustentável. O problema não é “irreversível”, aponta o relatório, se houver um bom gerenciamento dos mares.
(Fonte: Globo Natureza)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Litoral é objeto de estudo

A costa brasileira é uma das mais extensas do mundo, com 7,4 mil km de praias e rica em biodiversidade. A gestão desse litoral e o planejamento de ações no âmbito do governo federal serão discutidos a partir da próxima segunda-feira (17), até a sexta-feira (21), no curso de formação no Sistema de Modelagem Costeira (SMC). O encontro acontece no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, e reúne professores, técnicos e representantes do governo e terá como instrutores professores do Instituto de Hidráulica da Universidade da Cantábria (Espanha).

O curso faz parte do projeto Transferência de Metodologias e Ferramentas de Apoio à Gestão da Costa Brasileira, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento (SPU-MP) e tem como objetivo fortalecer as bases técnicas do gerenciamento costeiro visando o desenvolvimento sustentável do litoral. “Para tanto, pretende-se introduzir metodologias e ferramentas avançadas de gestão, desenvolvidas dentro do Sistema de Modelagem Costeira (SMC) produzido pelo Instituto de Hidráulica da Universidade da Cantábria”, destaca a diretora do Departamento de Gerenciamento Costeiro do Ministério do Meio Ambiente, Leila Swerts.

Base conceitual – Esse é o primeiro curso de formação na ferramenta Sistema de Modelagem Costeira no Brasil e abordará, entre outros pontos, a base conceitual e a versão brasileira do sistema, para que ao longo do desenvolvimento de estudos de caso se possa identificar erros e validar o modelo espanhol no nosso país. “Dessa forma, neste primeiro momento, estão sendo priorizadas as equipes das universidades que estão atuando nos estudos de caso ou que já tem alguma iniciativa nos temas trabalhados no projeto, como é o caso da Universidade de São Paulo (USP)’”, diz Leila.

O curso é uma ação do MMA, Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID) e Instituto Ambiental Brasil Sustentável (IABS), com apoio da SPU/MP, das universidades Federais de Santa Catarina (UFSC) e São Paulo (USP) e Instituto de Hidráulica da Universidade de Cantábria (Espanha). A iniciativa, fundamental para a instrumentalização da gestão da costa brasileira, beneficia o planejamento de ações dos governos federal, estaduais e municipais para enfrentamento de problemas causados por impactos ambientais associados à erosão e degradação de faixas do litoral.

(Fonte: Sophia Gebrim/ MMA)